domingo, 5 de agosto de 2012

Sede

Madrugada fria
A boca seca, a garganta arranha
Vou à cozinha, beber água

O copo se quebra
O silêncio se quebra
A noite é rasgada

A boca arranha, a garganta rasga
Como que engolindo cacos de vidro
O líquido frio se espalha, toca os dedos dos pés
A espinha gela
Um frio sobe pela barriga

Cabeça quente

Dezenas de cacos no chão
Dezenas de cacos de mim
O copo reflete a alma estilhaçada

A poça de água e sangue
O grito no meio da noite
Os dedos cortados, a boca rasgada, a garganta estilhaçada
Garganta seca, dedos molhados de água e sangue

Madrugada fria
O barulho do vidro se espatifando no chão é o grito da alma chocando-se contra si mesma

Um comentário: