quarta-feira, 23 de maio de 2012

Ah é... o tempo...

Um piscar
E já não é mais hoje

O tempo escorre pelos dedos
E se esparrama pelo piso
Feito mercúrio de termômetro que se espatifou

Tento juntá-lo, recolher aquela bagunça do chão
As mãos se sujam, mas o chão não se limpa
Tento um pano, um rodo,
Mas quanto mais esfrego, mais a coisa se espalha

É como tentar barrar uma cascata com as mãos
A água passa e te molha por completo
E o que é pior
Bate nas palmas e se esparrama pra todos os lados

O tempo corre e eu corro atrás dele
Tentando sempre alcançá-lo
Mas ele é a tartaruga
E eu sou Aquiles

E muito me surpreende
Quando, na pressa, tentando lembrar-te, amigo,
De que tempo é dinheiro
Tu me respondes com sábia inocência

"Ah, é... o tempo..."



Para Leandro Arouca

sábado, 5 de maio de 2012

O não-eu que sou

Ondié quieu tô?
Prondié quieu fui?
Janum missinto mais
Janum seimais quem sô

Não existi'um eu
Só essa secura
De árvore morta
Vazia de verde

Só essa semi-vida
Que searrasta,
Hora querendo viver,
Hora querendo desviver
Esperança que searrepende antes de serrealizar

O sol, que antes fazia verdejar,
Queas vezes torravaos galhos, tiravaa vida
Agora, simplesmente, apagou-se

Sossobrou a lembrancenevoada
Coração morto
Queainda pulsa fraco,
Mas quenão bombeia nada

Passado que jasse foi, que não sepode reviver
Futuro que nunca chega, e nunquexestirá
Um eterno prisioneiro desse presente atemporal
É só o que há