sábado, 30 de outubro de 2010

Funeral

Oh! Morreu a formiguinha!
Todas as outras formigas reunem-se em volta do corpo
E oram por sua alma
Depois, vão-se embora...
A vida continua.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Entrelinhas

Eu queria escrever...
Queria mesmo
Mas não me vem nada à cabeça
Então não escrevo nada
Tudo bem.
A verdadeira poesia está no branco do papel
 
Hoje, vomito vermes e sangue
Apenas, o que sou
E, à loucura vou
Num sofrimento constante
Numa morte dançante
Em que o mudo falou
E o apático chorou
Estou em sofrer incessante
Com boca desidratada
Visão ardente
E mente desnaturada
Só há uma questão pendente
Que jamais é questionada:
“Como você se sente?”
                                                                                                  (2008)

Poesia pré-suicídio

Humano
Desprezível humano
Desonroso humano
Desastroso humano
Oh, pomposo humano!

Que monta sobre os cavalos
Carrega de peso os jumentos
E explora teus próprios irmãos

Tu és pútrido
Mórbido
Sórdido
Tu és humano
Desprezível humano
Elegante humano

Que, com a pena, faz injustiça
Com a espada faz a rixa
E um vigarista
Reza a missa

Humano
Por que não bota uma corda em teu pescoço?
Por que não vai embora?
A janela é logo ali

Livre humano
Tuas próprias leis te prendem
Corajoso humano
Temes a ti próprio
Sano humano
Que poucas vezes está sóbrio

Humano
Podre humano
Podre eu.
                          (2009)

Conversa de bar idiota de 2008 que só tem esse nome porque não dei outro nome

– Oi.
– Oi.
– Como vai?
– Vou nada e você.
– Nada também.
– Noite fria não?
– Não tanto quanto sua alma.
– De acordo...
– Você bebe bastante!
– Estou afogando as mágoas em vinho. Mas... Você também bebe muito!
– Estou me afogando em minhas loucuras.
– Pelo jeito essa garrafa não vai acabar nunca...
– Certamente não.
– Posso beber um gole?
– Você não vai querer experimentar.
– Claro que vou, dá um gole aí.
– Beba de sua própria garrafa.
– Que garrafa?
– Essa na sua mão.
– Puxa, ainda não tinha visto. Vou beber agora mesmo.
E os dois se afogaram em loucuras, entraram em coma e lá viveram pela eternidade.
                                                                                                                                           (2008)

Correndo

Correndo, corro a mão pelo corre-mão
Na escada por onde sempre corro
Corro, como correm as horas
E as horas correm como correm os dias
E corre a dor em meu coração
De ver como corre o tempo
Corre o tempo
Pelo corre-mão da vida
O corre-mão por onde sempre corro
                                                     (2008 ou 2009, sei lá)

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Simples

A alegria da folha não está na chuva.
Está no minúsculo orvalho.