sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Facada

falso
foi-se
foda-se

Para qualquer pessoa que não seja  o Guido Guimarães

domingo, 12 de agosto de 2012

Homofobia

Queria pintar um arco-íris
Mas só tenho canetas pretas e vermelhas

domingo, 5 de agosto de 2012

Eu viadultos

Do alto do viaduto podem-se ver as luzinhas dos carros
Faróis brancos
Lanternas vermelhas

Do alto do viaduto essas centenas de estrelinhas se unem
Formam uma constelação
Duas serpentes enormes, correndo em direções opostas
Mas sem saber muito bem aonde ir

Elas têm fome, buscam algo para preencher o vazio
E correm, correm desesperadamente, atropelando tudo o que se põe em sua frente

Mas elas nunca encontram o que procuram. E tentam então mergulhar em seu [próprio vazio
Mas elas ocupam tanto espaço que não sobra nelas lugar para si mesmas
E as serpentes enlouquecem!
Vão se consumindo, lentamente
As estrelas se vão, a milhões de anos-luz
E só seu brilho permanece, como um último grito, querendo eternizar a existência

E as serpentes correm mais ainda, correm desesperadamente! Mas já não sabem [mais o porquê
Já não há mais fome
Só há uma luz intensa que de tão forte cega

E as serpentes correm
E os carros vão e vêm
Dois rios que nunca encontram o oceano

Sede

Madrugada fria
A boca seca, a garganta arranha
Vou à cozinha, beber água

O copo se quebra
O silêncio se quebra
A noite é rasgada

A boca arranha, a garganta rasga
Como que engolindo cacos de vidro
O líquido frio se espalha, toca os dedos dos pés
A espinha gela
Um frio sobe pela barriga

Cabeça quente

Dezenas de cacos no chão
Dezenas de cacos de mim
O copo reflete a alma estilhaçada

A poça de água e sangue
O grito no meio da noite
Os dedos cortados, a boca rasgada, a garganta estilhaçada
Garganta seca, dedos molhados de água e sangue

Madrugada fria
O barulho do vidro se espatifando no chão é o grito da alma chocando-se contra si mesma