Do alto do viaduto podem-se ver as luzinhas dos carros
Faróis brancos
Lanternas vermelhas
Do alto do viaduto essas centenas de estrelinhas se unem
Formam uma constelação
Duas serpentes enormes, correndo em direções opostas
Mas sem saber muito bem aonde ir
Elas têm fome, buscam algo para preencher o vazio
E correm, correm desesperadamente, atropelando tudo o que se põe em sua frente
Mas elas nunca encontram o que procuram. E tentam então mergulhar em seu [próprio vazio
Mas elas ocupam tanto espaço que não sobra nelas lugar para si mesmas
E as serpentes enlouquecem!
Vão se consumindo, lentamente
As estrelas se vão, a milhões de anos-luz
E só seu brilho permanece, como um último grito, querendo eternizar a existência
E as serpentes correm mais ainda, correm desesperadamente! Mas já não sabem [mais o porquê
Já não há mais fome
Só há uma luz intensa que de tão forte cega
E as serpentes correm
E os carros vão e vêm
Dois rios que nunca encontram o oceano
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